Resenha | O Amor e Outras Coisas

“Nunca me ocorreu que o amor pudesse ser qualquer coisas que não transbordante, arrebatador. Ainda na infânfica, já sabia que não me contentaria com ter nada menos do que isso.” – Amor e Outras Coisas (Christina Lauren)

Vamos falar do livro que rapidamente se tornou um dos meus favoritos de todos os tempos. O Amor e Outras Coisas é um romance pra quem gosta de um slow burn de qualidade e do clássico friends to lovers, to strangers, back to lovers. Nessa introdução eu arrisco dizer que a história dos nossos protagonistas me lembrou demais a do casal Lilly e Atlas de É Assim Que Acaba (mas as semelhanças param por aí, juro).

Em O Amor e Outras Coisas acompanhamos a vida de Macy Sorensen, desde de seus 13 anos até os seus 28. Os capítulos se intercalam entre passado e presente de uma forma muito clara e que sempre te deixa querendo saber o que vai acontecer em seguida, te fazendo devorar um capítulo após o outro. Eu li suas 396 páginas em menos de 24 horas.

Macy e seu pai compram uma casa de férias no interior da Califórnia após a morte de sua mãe (que era brasileira, o que é bem legal), onde os dois começam a passar seus fins de semana, feriados e verões.

E é nessa casa de férias que Macy conhece Elliot e o resto é história (brincadeira haha). Macy e Elliot constroem uma relação linda de amizade, confiança e amor durante 5 anos, até que algo terrível acontece e eles ficam sem se falar ou ter notícias um do outro por longos 11 anos.

Achei essa frase perfeita para a história desse livro (Foto: Fernanda Tomás)

O bacana nesse livro é que a gente sabe quando a tragédia vai acontecer e todos os capítulos contam com a data no seu título, ou seja, a ansiedade para chegarmos no fatídico dia 31 de dezembro só aumenta conforme os protagonistas trazem o assunto a tona no presente.

O romance de Macy e Elliot é um dos mais gostosos, puros e bonitos que eu já vi em um livro. É realmente coisa de almas gêmeas e você consegue sentir isso. Consegue sentir a dor e entender mais do que bem os motivos que os mantiveram afastados por tanto tempo.

Só vou dizer uma coisa pra vocês: eu nunca chorei tanto em toda a minha vida lendo um livro. Chorei de dor, chorei de soluçar, chorei incontrolavelmente enquanto eles choravam. A espera pelo dia 31 de dezembro valeu a pena e o grande momento veio como um soco no estômago.

Por mais que o livro seja um slow burn, no presente as coisas se desenrolam de uma forma muito espontânea e rápida na maioria das vezes, sem ex namorados como Ryle (É Assim Que Acaba) ou drama desnecessário dos protagonistas. Todo drama aqui é aceitável e necessário.

O livro é perfeito. Recomendo de olhos fechados.

OBS: Tem MUITO hot. O melhor que eu já li também, inclusive. Leve no passado e pesado no presente. No ponto.

Resenha | Anne de Ingleside

E a saga da nossa querida Anne Shirley, também conhecida como Anne Blythe (demorei, mas me acostumei), está chegando ao fim (na verdade eu escrevi essa resenha achando que esse era o último livro, porém Vale do Arco Íris e Rilla de Ingleside também fazem parte da coleção oficial).

Anne de Ingleside acompanha a vida de Anne dos seus 34 aos seus 40 anos, então se preparem porque MUITA coisa acontece.

O que mais me chamou atenção nesse livro é o fato de que a narrativa não é feita unicamente pela protagonista, mas desta vez ela é dividida entre muitos personagens. Trata-se dos filhos de Anne e Gilbert, que ganham capítulos inteiros para contar suas aventuras e descobertas. Confesso que no início achei ruim o foco sair da Anne, mas depois comecei a entender o quão especial é poder conhecer mais dessas crianças que são a mistura perfeita dos pais e que foram criadas de forma impecável. Também é bacana saber que eles nunca vão precisar viver o que Anne viveu na infância, mas que ao contrário disso são rodeados de amor, conforto e segurança desde o dia em que nasceram.

O livro tem 336 páginas, sendo assim o maior da coleção, e nos traz todos os tipos de sentimentos, mas o que mais se destacou pra mim foi: raiva.

Os capítulos narrados pelas crianças, em sua grande maioria, trazem momentos onde tudo que o leitor quer fazer é enfiar a cabeça no buraco. Temos crianças inocentes demais, que acreditam nas mentiras mais cabulosas, mentem para os pais, fogem de casa, fazem barganha com Deus, até crianças que jogam bolos no rio por acharem vergonhoso carregá-los. E cada uma dessas histórias me fez morrer um pouco mais por dentro. Eu só queria que eles levassem um bom puxão de orelha, mas não em Ingleside, nunca em Ingleside. Anne estava sempre pronta para dar um abraço, um beijo, dizer ‘tudo bem’ e ainda oferecer um cupcake antes de dormir. O mesmo vale pra Gilbert e Susan.

Outra raiva que nos aflige já no começo do livro é a tia Mary Maria, uma tia distante de Gilbert que vem passar um final de semana e acaba passando um ano. Ela destrói completamente a harmonia da casa, todo mundo a odeia, inclusive as crianças, Anne não se sente mais dona da própria casa E MESMO ASSIM NINGUÉM TEM CORAGEM DE MANDAR A MULHER EMBORA. Ah, tem coisas que simplesmente não tem cabimento.

E o que dizer sobre a crise no casamento dos Blythe, que me arrebatou nas últimas 30 páginas de leitura, me deixando com os nervos a flor da pele, pronta para entrar página a dentro e agarrar o Gilbert pelo pescoço. Não posso dizer quantas vezes gritei: PEDE DIVÓRCIO, PEDE DIVÓRCIO! Nada que Gilbert Blythe dissesse naquela noite me faria perdoá-lo pelo ódio que eu e Anne passamos.

Aliás, esse desgaste no relacionamento dos Blythe, proveniente do trabalho excessivo do jovem doutor, também foi um ponto muito abordado e algo muito real nos relacionamentos. O desgaste, a distância, a forma como as coisas se tornam automáticas. Anne de Ingleside aborda muito bem a sobrecarga que ambos podem sentir em um relacionamento, tanto quem fica em casa, quanto quem trabalha, e pela primeira vez podemos realmente nos identificar com a tão perfeita Anne, que chega no seu limite em determinados momentos.

Jem, Walter, Nan, Di, Shirley e Rilla foram com certeza o ponto alto da leitura, trazendo uma leveza, pureza e criatividade que não víamos desde Anne de Green Gables. A cada página lida eu falava “são iguaizinhos a mãe”, todos sempre no mundo das fadas, fantasiando sobre piratas, príncipes e princesas. Porém, confesso que demorei MUITO pra discernir quem era quem e até o fim do livro ainda não sabia ao certo quantos filhos eles tinham haha

Uma coisa que senti falta aqui foi uma presença mais marcante dos personagens introduzidos em Anne e a Casa dos Sonhos. Sabemos que Leslie e seu novo marido compraram a casa dos sonhos como casa de veraneio, porém, pouco vimos do casal, que poderia ter aparecido um pouco mais, já que Jem vivia na casa onde nasceu, brincando com o filho de Leslie. Cornélia até aparece bastante, mas eu simplesmente senti que as conexões criadas no penúltimo livro foram simplesmente jogadas no espaço, esquecidas no tempo, nos bons e velhos tempos (saudades Capitão Jim).

Finalizo essa resenha dizendo que senti falta de mais “Anne” nesse livro, mesmo com todo o resto que tivemos e também que eu jurava de pé junto que esse era o último livro da coleção, já tinha feito toda uma despedida, porém Vale do Arco Íris e Rilla de Ingleside aparentemente não são apêndices, mas sim parte oficial da história. Então deixemos as despedidas pra depois, pois ainda tenho dois livros pela frente.

Resenha | O Sol da Meia-Noite

“Sua existência era uma desculpa suficiente para a justificativa da criação do mundo inteiro.” – O Sol da Meia-Noite

Enquanto conferia minha lista de resenhas, percebi que faltava a de um livro muito especial: O Sol da Meia-Noite, também conhecido como Crepúsculo pelos olhos do Edward, ou Crepúsculo MUITO mais interessante.

Eu finalizei a leitura desse livro em junho de 2021, mas por graça divina tinha um roteiro de vídeo salvo na nuvem, onde falava exatamente o que achei da história, e é o que usarei de base para a resenha de hoje (minha memória não é tão boa assim pra resenhar um livro de 2 anos atrás haha).

O Sol da Meia-Noite possui nada mais, nada menos do que 736 páginas, e como citado anteriormente, conta exatamente a história do livro Crepúsculo, porém desta vez, pelos olhos do Edward.

Começando pelos pontos negativos, eu confesso que demorei MUITO pra finalizar a leitura do livro, por achar ele incrivelmente arrastado. Devemos levar em consideração que a história é narrada por um vampiro centenário, que não dorme e portanto tem muito tempo livre para divagar sobre os mais variados temas. Mas gente do céu, as vezes ele passa dos limites!

Outra coisa que mudou na leitura desse livro foi a minha paixão avassaladora pelo Ed, pelo simples fato de que, AQUI, e só aqui, podemos perceber o quão psicopata e stalker ele realmente é. O homem simplesmente observa e persegue a Bella 24/7. Isso fica aparente em algumas cenas de Crepúsculo, porque a Bella não sabia dessa perseguição, mas agora temos acesso a toda a loucura do homem, que andava se pendurando em árvores em dias de sol porque NÃO PODIA ficar sem ver a amada (isso antes sequer deles conversarem).

Fora isso ele ainda é mega violento e tem pensamentos bem doentios em relação aos amigos da Bella e principalmente em relação ao Mike. Ah, eu comentei que nesse livro ele ameaça a Bella de morte NO MÍNIMO 100 vezes? Porque isso também acontece.

Fora esses pequenos detalhes, foi muito interessante poder ver a história por outra perspectiva, já que o Edward desaparecia em vários momentos de Crepúsculo e nesse livro podemos finalmente saber por onde ele andava e o que ele fazia nesses momentos.

Finalmente pudemos entender porque o Edward amava tanto a Bella. Em Crepúsculo a personagem se vê como fraca, boba e sem sal, e é essa representação que temos no livro e no filme, porém, na visão de Edward, ela é incrível, culta, inteligente e cheia de personalidade. Dá um significado muito mais forte ao amor deles.

Temos muitos detalhes da família Cullen nesse livro, que nunca tivemos antes, como por exemplo o passado da Alice com o James, a perseguição do James que é relatada em detalhes, também temos o longo período em que a Bella fica internada após o acidente e Edward fica no hospital, que antes não tínhamos acesso porque a Bella estava desacordada, enfim, temos muitos momentos bacanas que não teríamos acesso pelos olhos da Bella.

A amizade entre Alice, Bella e Charlie é muito explorada aqui também, algo que amei. E falando em Charlie, temos momentos incríveis do Charlie ciumento como por exemplo quando ele liga para o Carlisle para pedir o que ele achava da relação dos ‘jovens’.

Uma das minhas cenas preferidas com certeza é quando eles levam Bella para o hospital, sangrando após o incidente da sala de espelhos, e começam a bolar um plano para acobertar a verdade. Edward dá as ideias, Alice vê o futuro para ver como o plano transcorreria e imediatamente Edward lê sua mente e vai alterando o plano até ela ver que tudo vai correr como planejado. É uma narração intensa e INCRÍVEL de acompanhar.

No geral, acho que a leitura de O Sol da Meia-Noite é simplesmente NECESSÁRIA para todo os fãs da saga Crepúsculo. Ele traz detalhes e informações sobre os personagens que nunca tivemos antes e que com certeza mudam nossa perspectiva da história. Eu amei odiar esse livro!

Resenha | Os Sete Maridos de Evelyn Hugo

“O mundo prefere respeitar as pessoas que querem dominá-lo” – Os Sete Maridos de Evelyn Hugo

Quero começar respondendo a pergunta que eu me fazia sempre que via alguém recomendando esse livro no Tiktok. “Será que é tão bom assim” SIM! É tão bom assim.

Os Sete Maridos de Evelyn Hugo é um livro escrito de uma forma bem peculiar, que foi novidade pra mim. O livro começa sendo narrado em primeira pessoa pela personagem Monique, uma jornalista que vive no ano de 2017 e trabalha para uma revista em NYC.

Um belo dia, sem razão aparente, Monique é convocada a entrevistar uma das atrizes mais famosas da história do cinema Hollywoodiano: Evelyn Hugo.

Ao começar a entrevista, porém, Monique descobre que na verdade o interesse de Evelyn não é em uma entrevista qualquer para uma revista, mas que na verdade seu plano é fazer com que Monique escreva sua biografia, com todos os segredos e mistérios que nunca foram expostos para a mídia.

A partir desse momento, passamos a ter alguns tipos diferentes de narrativa.

Narrativa 1: Monique, em 2017, contando seu dia a dia trabalhando com Evelyn.

Narrativa 2: Evelyn, narrando em primeira pessoa toda a sua vida desde o início de sua carreira, até o presente.

Narrativa 3: Matérias de jornais e revistas que trazem o olhar que Hollywood tinha e tem da estrela Evelyn Hugo.

Com esses três pontos de vista diferentes, somos apresentados aos altos e baixos da vida de uma atriz de Hollywood dos anos 60, latina, de origem pobre, que teve que fazer muitos sacrifícios para subir na vida.

Nos sentimos penetras, descobrindo os segredos sombrios dos bastidores da indústria cinematográfica e sofremos com a realidade dura e preconceituosa da época. E as narrações são tão bem feitas que em alguns momentos eu até esqueci que os personagens eram fictícios e fiquei com vontade de assistir seus filmes e conferir suas fotos nas premiações – EU JURO!

Por mais que o título da obra fale sobre seus sete maridos, o foco da história, do início ao fim, é o grande amor da vida de Evelyn: sua esposa! Sim sras. e srs.: SUA ESPOSA!

Os Sete Maridos de Evelyn Hugo é nada mais do que uma história de amor. Arrebatadora, real, envolta de segredos e obstáculos atenuados pela época em que a trama se passa. É uma história de amor entre esposa e marido, esposa e esposa, entre amigos, entre mãe e filha. É única e puramente uma história de amor.

E eu recomendo de olhos fechados. Dê uma chance para Evelyn Hugo roubar seu coração!

ps: meu casting dos sonhos seria Sofia Vergara e Jéssica Chastain e por incrível que pareça eu imaginei isso enquanto lia, antes de saber que essa já era a opinião de TODA a internet.

Resenha | Anne e a Casa dos Sonhos

“Tudo bem, a vida pode ser um vale de lágrimas, mas suponho que algumas pessoas gostam de chorar.” – Anne e a Casa dos Sonhos

Chegamos no quinto livro da coleção Anne de Green Gables, e desta vez Anne está casada, mais madura do que nunca e pronta para viver sua tão sonhada vida em sua perfeita Casa dos Sonhos.

Em Anne e a Casa dos Sonhos, Anne e Gilbert se mudam para Four Winds, uma cidade portuária. Gilbert trabalha como médico no centro da cidade, enquanto Anne passa os dias em sua amável casinha, que fica mais afastada, próxima do farol e do mar.

Nesse local remoto, o jovem casal não conta com muitos vizinhos, se não a jovem Leslie, o experiente capitão Jim, responsável pelo farol da cidade, e a amarga Senhora Cornélia, que tem a maior aversão aos homens e a língua extremamente afiada.

O livro tem início com o belíssimo casamento de Anne, que acontece em Green Gables, seu lar da infância. É um momento marcado por emoção e despedidas, seguido pela partida do casal para sua nova vida. E esse é praticamente o único momento que temos em todo o livro que remete à antiga vida de Anne em Avonlea.

Se em Anne de Windy Poplars já havíamos nos afastado do antigo universo onde Anne viveu na infância, agora, depois de casada e com uma casa só sua, nos afastamos ainda mais. Porém, nossas queridas Marilla e Rachel Lynde visitam a casinha dos sonhos com frequência.

Pela primeira vez, temos uma descrição um pouco mais aprofundada da relação entre Anne e Gilbert, algo que não tivemos desde o começo da história, por mais que os bebês ainda cheguem carregados por uma cegonha (acho hilário como a autora consegue remover toda e qualquer atração carnal de suas descrições, transformando tudo em um perfeito conto de fadas).

Anne chega a sua Casa dos Sonhos aos 25 anos e vive 2 anos de altos e baixos, risos e lágrimas, entre aquelas quatro paredes. Tantas histórias são contadas ao longo desses anos em frente à lareira. Eu acho particularmente incrível assistir a forma como ela consegue construir laços tão intensos em todo lugar que vai e amei acompanhar o desenrolar da sua amizade com os novos personagens desse livro (por mais que eu quisesse estapear a Leslie em alguns momentos).

Os novos personagens são bem peculiares e possuem suas próprias histórias e tramas que vão se desenvolvendo ao longo do livro. Isso dá um ar diferente à história, que deixa de girar unicamente em torno de Anne. Também temos um capítulo inteiro do livro narrado por ele, Gilbert Blythe, o que eu achei muito bacana e acho que poderia ter se repetido mais.

Outro ponto interessante desse livro em questão é o momento sombrio e depressivo pelo qual Anne passa, o que trouxe a história pra mais perto da realidade e mostrou que nem mesmo as pessoas mais felizes conseguem se manter positivas o tempo todo.

Com 27 anos e dois anos inesquecíveis vividos em sua casinha dos sonhos, Anne e Gilbert finalizam as 256 páginas se mudando para uma nova casa, onde com toda certeza serão ainda mais felizes e poderão expandir sua pequena e adorável família.

Resenha | Anne da Ilha

” – Provei o mundo e ele já não veste as cores do romance que costumava usar.” – Anne da Ilha

O terceiro livro da coleção que inspirou a série Anne with an E, da Netflix, nos apresenta a uma Anne mais velha, mas ainda com muito a aprender e amadurecer.

O livro começa com uma Anne de 18 anos, pronta para embarcar em uma nova aventura: a faculdade. Ela parte para uma nova cidade, onde irá viver os próximos 4 anos de sua vida, como universitária. Após viver um tempo em pensões, Anne e suas amigas alugam uma adorável casinha na cidade e contratam uma governanta, a tia de uma das meninas.

Primeiramente, uma das coisas que me incomodou muito, principalmente na primeira metade do livro, foi a falta de detalhes a respeito da faculdade em si. Na verdade, Anne passava cerca de 2 a 5 páginas de um capítulo na faculdade, e em seguida embarcava novamente para Avonlea, fosse para um feriado, férias, Natal ou algum casamento.

Eu tive a impressão de que, mesmo se passando 4 anos nesse livro, e com a Anne na faculdade na maioria desse tempo, a faculdade foi deixada em segundo plano, algo que eu não gostei muito. Ela citava que frequentava eventos, que participava de clubes, que tinha provas, mas nós nunca fomos levados com Anne para as aulas, não sentimos o gostinho da competitividade acadêmica que é tão natural da personagem, nem fomos aos bailes e concertos.

Confesso que senti que Avonlea deveria ter sido deixada para trás, pelo menos parcialmente, nesse livro, e que deveríamos ter sido mais introduzidos ao novo mundo onde Anne estava vivendo. Mas não foi bem o que aconteceu.

Como citei anteriormente, mesmo Anne estando muito mais velha, ela ainda tem muito a aprender e amadurecer. Como toda jovem, ela comete muitos erros, mas o pior é que ela erra e insiste no erro, e algumas vezes se torna cega diante de respostas óbvias, o que também me irritou bastante.

Uma coisa que me pegou muito da metade para o final da leitura, foi o fato de Anne começar a perceber o mundo mudando a sua volta e sentir que estava sendo deixada para trás. Ela se força a deixar alguns devaneios de infância de lado e fazer o que é preciso para melhorar.

Ela mergulha em um mar de melancolia ao retornar a Green Gables após a formatura, que eu entendo até demais, ao perceber que tudo a sua volta está diferente, menos ela, e pensar em como ela queria voltar a ser criança, mas não pode.

Nesse momento de melancolia, a garotinha sonhadora dos primeiros livros desaparece, e é aí que tudo se esclarece na mente de Anne e ela saí dessa situação uma mulher, pronta para enfrentar os altos e baixos da vida adulta (mas não se preocupem, a sonhadora cheia de firulas continua lá).

No geral, eu amei a leitura. Entendo que as partes iniciais que me irritaram foram escritas com esse objetivo. Anne precisava viver o que viveu, sentir o que sentiu, quebrar a cara como quebrou, para chegar ao ponto em que chegou no fim da história e estar pronta para seguir em frente.

Ansiosa para o restante da história da nossa menina (já estou apegada nesse nível).

“‘Nem todas as lições se aprendem na faculdade’, pensou. ‘A vida pode ensiná-las em todos os lugares’. ” – Anne da Ilha

Resenha | O Castelo Animado

“Sinto muito. Eu já fugi demais em minha vida. E finalmente eu tenho algo para proteger: você.” – O Castelo Animado

Após ter uma das maiores surpresas e uma das melhores experiências cinematográficas dos últimos anos ao assistir o filme O Castelo Animado, um anime do clássico Studio Ghibli, não pude resistir ao saber que o longa era inspirado em um livro e comprei a obra no mesmo dia.

Poucos dias depois, cá estava eu mergulhada no universo de Howl, o devorador de corações, Sophie, a velha ranzinza, e Calcifer, o demônio do fogo.

Para aqueles que também assistiram ao filme e se interessaram pelo livro, já lhes adianto: o livro, como sempre, é MUITO mais completo. Todas as brechas, histórias pela metade e coisas um tanto sem sentido que vemos no filme, são explicadas detalhadamente nas 368 páginas do livro.

Porém, além de termos algumas boas explicações, muita coisa é diferente na versão original da história. Pra começar, a família da Sophie é uma peça chave em toda a trama, suas irmãs e sua madrasta, que mal é citada no filme. O espantalho, personagem tão marcante no filme, aparece aqui também, mas de uma forma um pouco diferente, sendo tudo, menos amigo de Sophie, que morre de medo do coitado.

As personalidades dos protagonistas foram traduzidas com maestria para a telinha, Howl é egocêntrico como nunca, sedutor e fascinado pela sua própria beleza, Sophie é velha antes mesmo de ser velha e encontra no Castelo Animado uma chance de quebrar o terrível feitiço que lhe foi lançado, Calcifer não vê a hora de se livrar de Howl, mas ao mesmo tempo não sairia dali por nada no mundo, já Michael, que no filme se chamava Markl e era uma criança, no livro é um personagem completamente diferente.

Ele é alto, magro, de pele negra e tem um belo romance com uma das irmãs de Sophie (eu falei que elas são muito importantes, mas não entrarei em mais detalhes). No livro podemos acompanhar a dinâmica do Castelo de forma mais detalhada, e a construção da relação entre Sophie e Howl é muito mais significativa.

Também temos muito mais da vilã, a Bruxa das Terras Desoladas, que assombra a vida de Howl e trava algumas batalhas contra o mago. Ah, aqui ela também é esbelta, alta e bela, diferente do que vemos no filme (por que essa mania de pintar bruxas como criaturas horrorosas?).

Sem mais delongas, para não enchê-los de spoilers da leitura, O Castelo Animado é um livro tão belo e prazeroso de ler quanto o filme é de assistir. Recomendo assistir o filme antes, porque eu jamais seria capaz de imaginar coisas tão lindas e tantos detalhes sem a ajuda do Studio Ghibli.

E se você já viu o filme e amou, mas acha que não precisa ler o livro, saiba que está errado! A leitura dessa história vai te encher os olhos e preencher lacunas que você nem sabia que existiam até então. É o complemento perfeito.

Obs: apenas uma complementação para quem possa interessar, saiu vlog de leitura desse livro MARAVILHOSO lá no canal e tá muito legal MESMO! Super recomendo (suspeita).

Resenha | Anne de Avonlea

“A vida é o que acontece agora. Não deixe pra viver amanhã o que você pode viver hoje.” – Anne de Avonlea

Quase dois anos depois de ler o primeiro volume, finalmente finalizei a leitura de Anne de Avonlea, o segundo livro da coleção que deu origem a famosa série da Netflix, Anne With an E.

Neste livro, Anne Shirley já é uma jovem de 16 anos e leciona na escola de Avonlea. Ela sonhava em seguir seus estudos e ir para a faculdade, porém seus planos foram interrompidos quando seu pai adotivo Matthew morreu repetinamente, ainda no final do primeiro livro (único momento até agora que me arrancou lágrimas durante a leitura da coleção).

Aqui, acompanhamos a trajetória de uma Anne mais velha, mais madura, mas que ainda divaga com a mesma intensidade sobre as flores, perfumes, e nos encanta com os mais específicos detalhes da pequena Avonlea.

Alguns personagens já conhecidos seguem fazendo parte do cotidiano da protagonista, como Diana, a Sra. Rachel Lynde e o nosso amado Gilbert Blythe, que infelizmente está lecionando em outra cidade e aparece pouquíssimas vezes durante o livro. Mas a trama também inclui novos personagens que se tornam muito importantes para a vida de Anne, como o novo vizinho rabugento, o Sr. Harrison, a Srta. Lavendar e sua adorável casinha de pedra, Paul Irving, o melhor aluno da classe, e é claro, os gêmeos Dora e Davy, que acabam indo morar em Green Gables e viram a vida de Anne e Marilla de ponta cabeça.

Anne finalmente conquistou o coração de toda Avonlea e além de ser a única professora da cidade, ainda ajuda a fundar um comitê na ilha para melhoramento dos jardins, casas e estradas. Ela, Diana, Gilbert e mais alguns de seus antigos colegas, se unem para tornar Avonlea uma cidade mais bonita.

Como Anne de Green Gables, achei a leitura extremamente leve e gostosa, mesmo quando tínhamos duas páginas corridas de Paul Irving ou Anne Shirley tagarelando sobre algum tema aleatório. O estilo de escrita utilizado nessa coleção realmente me cativou muito e o sentimento de poder acompanhar o crescimento e desenvolvimento, não apenas da Anne, mas de todos os personagens a sua volta, é indescritível.

Estou extremamente ansiosa para saber o que virá a seguir na vida da nossa ruivinha preferida. E também estou contando os minutos para o romance Anne x Gilbert finalmente acontecer.

Resenha | Todo Dia a Mesma Noite – a história não contada da boate Kiss

IMG_0088A dor e o luto são sentimentos que, quando traduzidos da forma correta, podem nos transportar para os piores lugares.

É com essa afirmação que eu preciso começar a resenha da minha quinta leitura do ano. O livro Todo Dia a Mesma Noite – a história não contada da boate Kiss, foi uma das experiências literárias mais intensas e sentimentais que eu já tive em toda a minha vida. Esqueça todos os romances adolescentes, todas as lágrimas que já derramamos por casais da ficção, nada disso se compara aos sentimentos envolvidos nessa reportagem definitiva da tragédia da boate Kiss.

Para quem, assim como eu, não sabia da existência dessa obra da literatura até o momento, vou dar um breve resumo do que se trata. Todo Dia a Mesma Noite é um livro/reportagem, escrito pela jornalista Daniela Arbex (autora de Cova 312 e Holocausto brasileiro) e narra, como diz o título, a história não contada sobre o incêndio da boate Kiss.

O livro é muito bem escrito, fácil de ler, envolvente e obviamente muito dramático. Daniela conseguiu com majestosidade traduzir em palavras a história de diversas famílias que sofrem até hoje com a perda de seus entes, a dor de uma cidade, o luto de um país. A obra não conta apenas como foi o fatídico dia 27 de janeiro de 2013, mas também nos introduz a vida das famílias antes do incêndio, a sua relação com seus filhos e o passo a passo das vítimas até o momento em que colocaram seus pés no interior da boate. Vivemos um pouco do presente, do passado e também do futuro, de como, mais de 5 anos depois, as famílias se recuperam e lidam com a perda.

Não sei se sou capaz de colocar em palavras como a leitura desse livro é essencial e recomendável para qualquer ser humano. É sempre importante conhecermos nossa história, as catástrofes e as tragédias, para que essas coisas não voltem a acontecer.

Se vocês valorizam a minha opinião pelo menos um pouquinho, leiam esse livro, por favor. Vale cada segundo, cada lágrima derramada. Serão as 248 páginas mais rápidas que vocês já terão lido na vida, eu prometo.

“Para quem perdeu um pedaço de si na Kiss, todo dia é 27. É como se o tempo tivesse congelado em janeiro de 2013, em um último aceno, na lembrança das últimas palavras trocadas com os entes queridos que se foram, de frases que soarão sempre como uma despedida velada.”

Resenha | Frankenstein

Primeiramente gostaria de pedir perdão a todos os fãs dos livros clássicos, mas ler livros com vocabulário culto demais simplesmente me da nos nervos e eu não consigo apreciar a leitura da forma como gostaria. A leitura não foi tão rápida quanto poderia ter sido, e eu confesso que em momentos tive que reler páginas inteiras após finalizadas por falta de compreensão, mas no final creio que tenha valido a pena.frankenstein_comentado_0.jpg

 

 

Resumo: Frankenstein é o primeiro clássico da literatura de horror.  A autora tinha dezenove anos quando o escreveu em 1818. É a história de um estudante de mesma idade – Victor Frankenstein – que constrói uma criatura horrenda. Ao despertar para ao mundo, o monstro se vê rejeitado por todos. Daí sua tragédia e a terrível vingança que imporá ao seu criador.

 

 

Como vocês já sabem, o primeiro livro que eu li esse ano foi um livro baseado no clássico Frankenstein, e como eu amei a história em questão, resolvi ler o clássico em seguida.

Vou começar dizendo algo que com certeza será muito julgado, que é o fato de eu ter gostado muito mais do livro derivado, Uma Obsessão Sombria, do que do original.

A história não é ruim, não me levem a mal, a trama é tão boa quanto imaginei que fosse, assim como os personagens, e as descrições são super bem detalhadas do jeitinho que eu gosto. Porém, entretanto, todavia, como eu disse anteriormente, o uso excessivo de vocabulário culto me deixa até meio zonza as vezes. Pode ser ignorância minha? Pode. Porém não gosto e é isso.

Também pode ser pelo fato de ter lido o outro livro antes, mas achei que faltou um ‘que’ de misticismo, de magia, de alquimia, faltou um toque de empolgação e ação na história. Eu já sabia que a origem do DR. Frankenstein contada no livro Uma Obsessão Sombria não tinha nada a ver com a realidade contada em Frankenstein, mas eu esperava que a realidade fosse pelo menos 1/3 tão legal, envolvente e empolgante quanto foi a falsa.

Tirando todos esses detalhes pequenos e comparações a parte, fiquei muito feliz de ter finalmente lido um clássico da literatura, e por ter, mesmo com certa dificuldade, entendido toda a história em sua essência original.

Recomendo muito a leitura desse livro para quem, assim como eu, só conhece o básico sobre Frankenstein, ou só viu os filmes, e não sabe realmente sobre o que se trata.

OBS: O monstro tem um lugar especial reservado no meu coração, e caso alguém o odeie, vocês não podem viver no mesmo planeta que eu, sinto muito. É isso. E o Victor Frankenstein é um babaca.

 Nota: 2,5/5